HORÁCIO DE CARVALHO


HORÁCIO SERAPIÃO DE CARVALHO – Horácio de Carvalho nasceu em Santo Amaro da Imperatriz. Filho de Marciano José de Carvalho e Maria Delphina Andrade Carvalho. Seu  pai, Marciano, era comerciante em Desterro e chegou a ser Vereador nas chamadas Câmaras Municipais, denominação utilizada na época do Império.  Mesmo tendo passado pouco tempo com seu avô Horácio de Carvalho (1872-1935), meu pai tinha recordações bem interessantes. Lembra que, como ele estava gravemente doente, muitas vezes  meu pai era encarregado de levar as refeições para o avô. Apesar da doença, Horácio de Carvalho, conseguia desenhar nas paredes figuras de moças,  retratando situações de um passado de festas, saraus, bailes.  Eram desenhos muito bem feitos e meu pai adorava contempla-los, apesar do cheiro do quarto. Os desenhos eram um forte chamariz, visto que Horácio raramente conversava ou puxava conversa com o menino. De temperamento introspectivo, Horácio de Carvalho isolava-se no quarto apesar de contar com as visitas de Virgílio Vargas e outros amigos jornalistas e antigos parceiros do grupo da Guerrilha Literária (grupo de poetas e escritos simbolistas do qual participou Cruz e Sousa).

Horácio Serapião de Carvalho
Registro de Marciano como vereador de Desterro.
Todo comerciante sabe que a propaganda é um bom negócio. Marciano já usava  dos anúncios para divulgar   seu estabelecimento. Olha o bacalhau aí!!!
Nota de agradecimento em jornal a família Carvalho pelo apoio em momentos dificeis. A família Carvalho era republicana e abolicionista.
Registro casamento Natalina (Macadê) e Horácio de Carvalho
Registro de Marciano e esposa no jornal  Regeneração.

Cabe aqui comentar um pouco sobre quem foi meu bisavô Horácio Serapião de Carvalho. Nascido em 1872, foi aluno do Liceu de Artes e Ofícios na antiga Desterro e era amigo do poeta Cruz e Sousa e de Virgílio Vargas. Eram amigos inseparáveis e dedicavam-se a estudar, escrever e discutir política. Ainda muito novo, Horácio tinha quatorze na época, foi junto com Cruz e Sousa e Virgílio Vargas para a corte, Rio de Janeiro. Horácio foi estudar medicina, Cruz e Sousa foi trabalhar em um jornal e Virgílio Vargas para a marinha. Infelizmente as aulas de anatomia não eram atrativas para Horácio de Carvalho que sempre foi muito ligado à literatura. Voltou no mesmo ano, e junto dos amigos Cruz e Sousa e Virgilio Varzea cria o Jornal Tribuna Popular que objetivava fazer um outro tipo de jornalismo e divulgava ideias republicanas e abolicionistas. O antigo Jornal Regeneração, também republicano, elogiava o trio que sempre se expressava de forma enérgica e, como diziam, nervosa. Interessante como as palavras ganhavam força nas mãos de pessoas tão novas.
Aprovação de Horácio de Carvalho em uma das provas  do Liceu. Horácio sempre foi um homem dedicado às letras.
Nota que registra a volta de Horácio de Carvalho  para Desterro depois de ir para o  Rio de Janeiro  estudar medicina.



Jornal Regeneração - apoio aos escritores Virgílio Várzea, Horácio de Carvalho e Cruz e Souza
Da direita para esquerda. Horácio de Carvalho, Virgílio Várzea e sentado Cruz e Souza. Foto datada de 1891.





 A amizade de Cruz e Sousa e de Horácio de Carvalho foi registrada por inúmeros poemas escritos por aquele. 
Dedicatório de Cruz e Sousa para Horácio de Carvalho


Referencia a Horácio de Carvalho , Virgílio Várzea e Cruz e Sousa.

Horácio de Carvalho fez sua vida na antiga Desterro como professor e jornalista. Casou-se com Natalina Horn de Carvalho e teve cinco filhas: Otília, Maria dos Anjos (Mariazinha), Nayr(mãe de Solon e minha avó) e Carmen (que ainda vive). Em 1904-1908 é transferido para Laguna para lecionar nos primeiros colégios públicos. Participou da Academia Catarinense de Letras, como fundador, sendo que sua cadeira é a 16, que tem como patrono João Justino Proença.


Comentários

  1. Belo trabalho sobre Horácio de Carvalho. Importante lembrar e nâo deixar morrer o trabalho e os sentimentos dos entes queridos. Parabéns.

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  2. Excelente trabalho ! Também sou bisneto dele . Minha avó era Carmen . Faleceu aos 102 anos faz quase 2 anos .

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    1. Ela te contou alguma história interessante sobre o pai dela?

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    2. Que legal. Lembrava principalmente do fim da vida, muito triste e melancólico. Mas sempre com carinho

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