domingo, 30 de outubro de 2022

Francisco Vieira da Rosa - Família Vieira da Rosa

 

FRANCISCO VIEIRA DA ROSA  nasceu em São José, Santa Catarina, a 31 de dezembro de 1855 (batizado na matriz de São José a 4 de fevereiro de 1856), filho de Manoel Joaquim da Rosa (vide) e de Francisca Bernardina Vieira da Rosa.

Neto paterno de José Joaquim da Rosa e de Maria Caetana de Jesus. Neto materno de Jacó Vieira da Rosa(vide) e de Maria Cândida da Conceição.



Francisco Vieira da Rosa


Comerciante. Pertenceu a diversas sociedades culturais, recreativas, dançantes e musicais. 

Foi Intendente municipal de São José de 1890 a 1891. Comissário de Polícia de São José, nomeado pela resolução de n. 403 de 29.12.1891. Capitão-quartel mestre do Comando Superior da Guarda Nacional, São José (em outubro de 1893 - na revolução Federalista). Conselheiro Municipal de São José (1895-1898) com posse a 1.7.1895. Substituto do Superintendente Municipal de São José (1907-1910).

Faleceu, na Praia Comprida, em São José, a 12 de abril de 1925.

Foi casado com Amélia Emília dos Santos (1858-1944), filha de Joaquim Maximiano dos Santos (vide) e de Cristina Maria Lentz. Do casamento, na igreja de São Francisco, em Desterro (8 de julho de de 1886) houve a seguinte descendência: Colatina, Alice, Cecília (casada com José Lupércio Lopes, vide), Ariston (casado com Henriqueta Gerlach), Fúlvio Vieira da Rosa (casado com Adelaide Maria da Silva), América (Bebeca), Mário Vieira da Rosa (casado com Esther Fontes Domingues), Maria, Luciana, Osni, Lacínia e Francisco.



Fúlvio Vieira da Rosa e Mário Vieira da Rosa 




FÚLVIO VIEIRA DA ROSA - Nascido em São José, SC, em 29 de agosto de 1892, filho de Franciso Vieira da Rosa e de Amélia dos Santos Rosa. Irmão de Mário Vieira da Rosa. 

Comerciante. Vereador à Câmara Municipal de São José (1947-1951). 

Foi casado em primeiras núpcias, em São José com Adelaide Maria da Silva. E em segundas núpcias, em São José com Emília Pessoa Maciel. 


Adelaide Maria da Silva, mulher de Fulvio Vieira da Rosa


Faleceu, em São José, em 3 de junho de 1956.


ARISTON VIEIRA DA ROSA- Nasceu em 22. de fevereiro de 1891 e faleceu em 2 de fevereiro de 1964. Foi casado com Henriqueta Gerlach, irmã de Rodolfo Gerlach. 

Ariston Vieira da Rosa



Cecília Vieira da Rosa casada com Lupércio Lopes.




Lacínia Vieira da Rosa

Professor Antônio Epifânio dos Santos casado com Lacínia Vieira da Rosa




MANOEL JOAQUIM DA ROSA -  Natural de São José (?), filho de José Joaquim da Rosa (+3.2.1879) e de Maria Caetana de Jesus.

Vereador à Câmara Municipal de São José (1883-1887).

Foi casado, em primeiras núpcias com Francisca Bernardina Vieira, filha de Jacó Vieira da Rosa (vide) e de Maria Cândida da Conceição. Tendo como filhos: Francisco Vieira da Rosa (vide) e Augusta Francisca. Casou-se em segundas núpcias com Maria Francisca da Silva.





sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Cecília Rosa Lopes

 Cecília Rosa Lopes, nascida Cecília Vieira da Rosa em São José, Santa Catarina, no dia 22 de novembro de 1889 (dia de Santa Cecília e ano da proclamação da República do Brasil) era filha de Francisco Vieira da Rosa e Amélia Emília dos Santos Rosa.

O Pe. Francisco Pedro Cunha, pároco da igreja matriz de São José celebrou o seu batizado no dia 27 de dezembro de 1890.

Como costumava ser antigamente, tinha diversos irmãos: Ariston, Fúlvio, Mário, Alice, América, Lacícia e outros que faleceram na infância .

Seu pai era comerciante e a mãe se dedicava aos trabalhos do lar.

Estudo na Escola Normal (hoje Instituto de Educação) de Florianópolis, onde obteve o diploma de Professora Primaria.

Para estudar em Florianópolis, face a doença do pai, que ficou 16 anos entrevado, e as dificuldades financeiras decorrentes, ficou morando em casa de parentes.

Após a morte do pai, passou a arrimo da família, cuidando da sobrevivência de sua mãe e duas irmãs. Na época não existia previdência social e todos trabalharam com afinco para não precisar vender seus bens (casa da venda-armazém e a casa de moradia).

Dedicou-se ao Ensino Público quase 30 anos, em Escolas Isoladas nas Picadas e Praia Comprida e no Grupo Escolar Francisco Tolentino, na sede do município de São José.

Casou-se com o viúvo José Lupércio Lopes (historiador) no dia 04 de dezembro de 1948, ambos com boa idade, vindo ele a falecer em 08 de setembro de 1969 aos 94 anos após quase 21 anos de casamento.

Lecionava também em casa, ela e suas irmãs, aos pequeninos as primeiras letras - alfabetização, principalmente aos seus sobrinhos.

Ensina também trabalhos manuais como tricô, crochê e bordado.

Era amante da natureza e cultivava um belo jardim num terreno pedregoso perto do mar, onde morava, além de árvores frutíferas e ervas medicinais.

Ninguém ia a sua casa sem que saísse de lá com flores nas mãos e também se ter provado das balinhas de leite e rapaduras com amendoim, delícias de sua cozinha.

Além do amor ao estudo, a natureza, baseou a organização de sua vida na disciplina, ordem, justiça e amor a Deus e ao próximo.

Foi educada, e passou aos que tiveram a felicidade de a conhecer, os valores verdadeiros da vida, que são o de viver em harmonia com os trabalhos das letras, das artes da natureza, do respeito às pessoas em geral.

Lúcida, faleceu no dia 08 de setembro de 1978 aos 88 anos e 10 meses de vida, de trombose cerebral diagnosticada pelo Dr. Waldomiro Dantas.


                                            Escrito por Nilda Rosa de Souza em 1978.


Cecília Rosa Lopes

Como homenagem a sua dedicação a educação em São José foi atribuído o seu nome ao colégio localizado em Forquilhinha Escola Estadual Cecília Rosa Lopes.




segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Mário Vieira da Rosa

Nasceu em São José, a 25 de março de 1896.

Era filho de Francisco Vieira da Rosa e Amélia dos Santos Rosa, de tradicional família josefense.
Fez o Curso Primário na Antiga Escola do Professor Peixoto.

Trabalhou no Estado do Paraná, em Contenda perto de Curitiba, numa indústria de caixa de madeira.
Retornando de lá, estabeleceu-se na Praia Comprida, com Armazém de Secos e Molhados, à Rua Antônio Carlos, hoje Rua Dr. Constâncio Krumell, local da Padaria Duarte. (1)

A 17 de dezembro de 1925, casou-se com Esther Fontes Domingues, filha de Antônio Joaquim Domingues e Maria Laura Fontes Domingues, natural de São José.

Durante mais de quarenta anos, trabalhou com afinco, tornando-se um grande comerciante.

Sua casa de comércio destacou-se entre as demais. Gozava de ótimo conceito geral, de crédito dos atacadistas e da preferência dos fregueses.

Era um armazém muito sortido, onde se encontraram mercadorias das mais diversas regiões, numa época de transporte difícil, pois as BRs ainda não estavam em projetos.

Mário Vieira da Rosa realizou-se profissionalmente e tinha um grande amor à sua terra natal.
Admirava a Política, adepto entusiasta do PSD, depois filiado à ARENA.
Foi eleito Vereador, mas não exerceu o mandato em virtude da suspensão do Poder Legislativo, na época.

Tinha mentalidade avançada para o seu tempo.
Gostava de viajar, conhecer novas cidades, apreciar o belo, o progresso, o avanço da tecnologia e o desenvolvimento do mundo.
Desfrutava o conforto, com simplicidade e modéstia. Cultivava plantas no seu quintal, e as flores e os frutos lhe agradeciam com perfume e sabor.
Amava a vida, dom de Deus.

Teve a graça de constituir uma família muito feliz, com sua dedicada esposa e viver até os 86 anos de idade.
Chefe de família exemplar, deu às suas filhas uma formação moral e religiosa, educação no Colégio Coração de Jesus, em Florianópolis onde receberam o diploma de professoras.

Em dezembro de 1975, o casal comemorou suas Bodas de Outro, na Igreja Matriz de São José.
Faleceu no dia 20 de setembro de 1982.
Está sepultado no Cemitério da Irmandade de Nosso Senhor dos Passos.

Deixou cinco filhas, 25 netos e 21 bisnetos, e uma herança inestimável de honradez, honestidade, respeito, trabalho, bondade, sentimentos, caráter, retidão, integridade, lições de fé, esperança e amor.
Será sempre lembrado, com ternura e saudade, pelos seus descendentes, que, embora não assinem mais Viera da Rosa, certamente, terão gravado esse nome no coração.

1 - Atualmente, no local, existe o posto de gasolina ao lado do Bistek. Sua moradia passou para o outro lado da rua, onde hoje existe a DMI.

Escrito pela sua filha e minha mãe, Nilda Rosa de Souza em 1982.



Mário Vieira da Rosa



Esther Domingues da Rosa 



Venda do Mário Vieira da Rosa. Da esquerda para direita : Esther Domingues da Rosa, sua mãe Maria Laura Fontes Domingues, Mário Vieira da Rosa, filha Neide Rosa Schmitt, filha Nilda Rosa de Souza e na frente a criança Laura Schmidt.



Livro de contabilidade da venda




Propaganda nos jornais da época 


Da esquerda para à direita: Maria Esther, Mário Vieira da Rosa, Nilda,  (minha mãe), Esther Domingues da Rosa e Ruth.



Esther Domingues da Rosa e Mário Vieira da Rosa



Texto redigido por Mário Vieira da Rosa por ocasião da morte de Bem-Bem.
Luiz da Gama Parente, conhecido como Bem-Bem, em seu carro de aluguel, o 1 da cidade de São José 



Conheci o Bem-Bem desde mocinho.
Os bons momentos que recordo, tem sempre como peça inseparável o Ford 29 que o acompanhou desde a década de 1930.
O amigo Bem-Bem e seu Ford 29 entraram na história de nossa cidade, pois o carrinho foi o único de aluguel existente durante muitos anos, atendendo casamentos, batizados, nascimentos, doenças e passeios em geral.
Fizemos passeios inesquecíveis com o Ford 29, enfrentando as estradas da época.
Entre os tais passeios posso destacar um a cidade de Jaraguá do Sul, onde o carrinho enfrentou a perigosa serra, saindo-se vitorioso graças a habilidade do motorista.
Passeamos também em outras cidades do Estado como Joinville, sem contar as vezes que visitamos o interior da Ilha, passando pelas praias e junto com outros amigos de São José como Arnoldo Souza, para ver a pesca da tainha e mesmo baleias quando pescadas.

Posso dizer que Bem Bem foi um ótimo companheiro, amigo de horas boas e difíceis, exemplar profissional, cujas atitudes devem ser seguidas pelos atuais motoristas.

                                                             Mário Vieira da Rosa 







segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Famílias dos descendentes de Antônio Fernandes, cristão -novo, o Pé de açúcar


 Recentemente recebi o documento da Comunidade Israelita de Lisboa (CIL) certificando-me da minha descendência de judeus sefarditas de origem portuguesa. Com este documento será possível fazer a reparação histórica preconizada no Decreto-lei n 30-A/2015 que possibilita, mediante aprovação da CIL, resgatar a nacionalidade portuguesa extraída dos meus antepassados judeus.

Este decreto foi amplamente divulgado na imprensa e lembro que quando o li logo pensei nos meus pais e familiares mais antigos que diziam que éramos descendentes de cristãos-novos e mouros. Meus sobrenomes apareciam naquelas listas de prováveis descendentes de judeus portugueses, mas não me aventurei de imediato. Depois, com os recursos do FamilySearch MyHeritage cheguei aos antepassados sefarditas e criei coragem e submeti minha árvore genealógica para comprovação junto a CIL. Realmente, as histórias de família eram reais, meus antepassados eram judeus sefarditas. O sobrenome que carrego praticamente nada tem a ver com os nomes dos cristãos-novos. Os sobrenomes foram mudando com o passar do tempo, mas pelos registros da igreja católica é possível resgatar os antepassados.  Os seus nomes e sobrenomes judeus foram proibidos e trocados por cristãos. Recaiam sobre eles taxas por terem se convertido, e muitas foram as perseguições fazendo com que vários judeus sefarditas convertidos ou não deixassem suas propriedades e  profissões em Portugal e partissem para qualquer lugar que trouxesse  paz e segurança.

Dentro deste contexto encontrei o meu antepassado, o Cristão-novo Antonio Fernandes, morador da Praia da Vitória, na Ilha Terceira, Açores, Portugal. Sobre ele, os registros mostram que era comerciante, e pelo apelido (Antonio Fernandes, o pé de açúcar), acredita-se que sua atividade comercial era ligada a cana de açúcar. Casou-se com Brázia Nunes de Antona em 1561. O que registro que demostra que era um judeu sefardita está no fato de que os Cristãos-novos pagavam um imposto/finca sobre suas propriedades pelo simples fato que eram convertidos. Sim, pagava-se um imposto por terem sido judeus, mesmo convertidos. De lá para cá, é possível identificar, os registros de casamento, de batismo e óbito, de seus descendentes chegando até Francisco Martins Gallego nos idos de 1738. Junto com sua esposa, Rosa Maria e filhos, resolveu vir ao Brasil, saindo da Praia da Vitória, na Ilha Terceira chegando a antiga Desterro hoje Florianópolis nas primeiras migrações açorianas por 1750. Meu tetravô, Alexandre José de Campos, nasce em Florianópolis em 1780, sendo batizado na Igreja  Nossa Senhora das Necessidades – Santo Antônio de Lisboa. Com o casamento de sua filha Camila com Joaquim José de Souza em 1846 o sobrenome Souza chega até mim.

 

Voltando ao documento da CIL, e para que se entenda o valor deste documento é importante resgatar a história.  Conforme página da CIL o termo “judeus sefartidas” refere-se aos descendentes dos antigos judeus e às comunidades judaicas tradicionais da Península Ibérica (Sefarad ou Hispânia), ou seja, Portugal e Espanha.

A presença destas comunidades na Península Ibérica é antiga e precede a formação dos reinos ibéricos cristãos. Até o século XV, muitos judeus ocuparam lugares de destaque na vida política e econômica portuguesa.

Ainda segundo a CIL, depois do Édito de Alhambra de 1492 e a perseguição levada a cabo pelos reis católicos, Isabel e Fernando, mediante a Inquisição Espanhola, um grande número de judeus espanhóis procuraram refúgio em Portugal e estabeleceram-se nas comunidades judaicas portuguesas. No entanto, em 1496, o Rei Dom Manuel I de Portugal, ordenou a expulsão de todos os judeus que não se tinham convertido ao Catolicismo.


                       


Vários motins aconteceram contra os cristãos-novos, ou judeus convertidos, como em 1506 conhecido como o massacre de Lisboa em que foram mortos mais de 4 mil pessoas. A Inquisição Portuguesa foi formalmente estabelecida em 1536 e extinta somente em 1821 e tinha como alvo os Cristãos-Novos. Segundo o historiado António José Saraiva, 40.000 pessoas foram acusadas pela Inquisição Portuguesa. Destas, só na parte continental de Portugal foram queimadas na fogueira 1.175 pessoas e outras 633 queimadas em efígie. Diante desta perseguição, muitos judeus sefarditas foram forçados ao exílio e obrigados a deixas Portugal a partir do final do século XV e princípios do século XVI em diante, inclusive aqueles que já se tinham convertido ao Catolicismo – os conversos, também conhecidos na época como Cristãos-novos, Anussim ou Marranos. Alguns esconderam as suas práticas judaicas durante anos e geralmente são designados como secretos, escondidos ou criptojudeus. Muitos destes Judeus Portugueses e Cristãos-Novos conseguiram  fugir  e estabelecer-se em alguns países mediterrânicos, para cidades do Norte da Europa e para outros países como Brasil, Argentina, Estados Unidos entre outros.

Durante todo esse processo pensei muito no sofrimento e dificuldades que essas pessoas passaram naqueles tempos, como este sentimento perverso de intolerância acontece em diferentes momentos. Ao mesmo tempo, orgulho-me de ter familiares que souberam enfrentar e resistir as perseguições trazendo alternativas para sua descendência. Sou grata e orgulhosa por terem  escolhido  essa terra maravilhosa de São José e adjacências para construir uma vida de paz e segurança.  Terra de sol e vento sul. Vento que de tão forte que sopra trazia junto a evocação de nossas mães e avós que com receio de que pegássemos uma gripe pela friagem do vento nos diziam: Deus te crie que é no fundo a adaptação da frase sefardita Hayim tovim, que significa tenha uma boa vida. 

 

 

Muitas famílias com o sobrenome Souza e Silva que moram em São José, Florianópolis e no litoral catarinense descendem de Antônio Fernandes. Mais precisamente de Manuel Luis Fernandes e seu pai Francisco Martins Gallego que aqui chegaram com suas famílias na primeira migração açoriana nos idos de 1750.

 

Francisco Martins Gallego, descende de Antônio Fernandes, conhecido também como “O Pé de açúcar” ou “Antônio Fernandes da Praça”, ou ainda “Antônio Fernandes da Praia, que nasceu por volta de 1530, na ilha Terceira, Açores, Portugal.

 

Judeu sefardita reconhecido e certificado pela Comunidade Israelita de Lisboa – CIL, viveu em Praia da Vitória, Ilha Terceira, Açores, Portugal, no século XVI e início do século XVII. Exerceu a profissão de mercador.

 

Antônio Fernandes casou-se na igreja matriz de Santa Cruz, em Praia da Vitória, em 15 de abril de 1561, com Brázia Nunes de Antona. No registro de casamento dele com Brázia, consta que era filho de João Gonçalves, caixeiro, e que Brázia era filha de Maria Álvares, moradora do Juncal, Ilha Terceira. Foram omitidos no registro de casamento os nomes da mãe de Antônio Fernandes e do pai de Brázia Nunes de Antona. O registro de casamento pode ser acessado online emhttp://culturacores.azores.gov.pt/biblioteca_digital/TER-PV-SANTACR...

 

 

A genealogia de António Fernandes e de Brázia Nunes de Antona foi abordada no livro "Mendes, António Ornelas; Forjaz, Jorge; Genealogias da Ilha Terceira, Vol. IV., Título Fernandes, §3°, N 1, DisLivro Histórica: Lisboa, 2007". Na referida obra, consta que António faleceu na Praia da Vitória com testamento de mão comum, aprovado em 07.07.1607 pelo tabelião Bernardo da Fonseca. Consta também que ele foi Cristão Novo, tendo pagado finta (imposto) devido a este fato em 1604. Na referida obra, é mencionado que ele foi mercador na Praça, e que sua fazenda foi avaliada em 3500 cruzados. É explicado que ele teve um irmão chamado Manuel Fernandes, casado em 23.12.1561 na igreja matriz católica de Santa Cruz em Praia da Vitória com Leonor de Barcelos, e falecido em Praia da Vitória em 04.10.1599. Este irmão Manuel também deixou testamento, sendo este testamento aprovado em 11.03.1599. O irmão Manuel Fernandes era caixeiro e meirinho do eclesiástico em Praia da Vitória, sendo que era também era Cristão Novo conforme se deduz da finta (imposto) que o filho deste, Manuel de Barcelos, teve que pagar em 1604.

Conforme pode ser lido nas páginas 507 e 513 do artigo de José Olívio Mendes Rocha, intitulado Subsídios para o Estudo das Gentes de Nação (Cristãos-Novos) nos Açores na 1ª Metade do Século XVII, publicado no Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira, Vol. XLV, TOMO I, de 1987, António Fernandes teve que pagar fintas dedicadas ao povo dito como de nação (Cristãos Novos). Na página 507 do referido artigo, onde é fornecida uma transcrição dos textos contidos nos documentos de cobranças de fintas referentes ao ano de 1604, está escrito que, na Vila da Praia, a fazenda de António Fernandes da Praia foi avaliada em dois contos e oitocentos mil reis de que lhe cabia pagar da sua metade de um conto e quatrocentos mil reis por sua mulher ser escusa. Já na página 513 do referido artigo, é exibida uma transcrição de cobrança de finta na qual é dito que, na Vila da Praia, a fazenda de António Fernandes da Praça foi avaliada em três mil e quinhentos cruzados de que lhe cabia pagar quinze mil reis trezentos e vinte (15$320). Fonte: Rocha, José Olívio Mendes. Subsídios para o Estudo das Gentes de Nação (Cristãos-Novos) nos Açores na 1ª Metade do Século XVII. In: Boletim do Instituto Histórico da Ilha Terceira. Vol. XLV, TOMO I, 1987. Angra do Heroísmo, Ilha Terceira, 1988. pg. 493 a 518. Disponível online em: http://ihit.pt/codeigniter/assets/upload/pdf/df1dbfd30385179aa4dddb...

António Fernandes faleceu em 16 de julho de 1607 em Praia da Vitória, Ilha Terceira. O registro de óbito dele foi registrado no livro de óbitos da igreja matriz de Santa Cruz, em Praia da Vitória. No registro, consta: "Em os 16 de julho de 1607 faleceu António Fernandes da Praça, recebeu os divinos sacramentos, fez testamento e sua mulher foi a testamenteira. Está sepultado nesta Igreja de Santa Cruz.". O registro pode ser acessado online em (CCA): http://culturacores.azores.gov.pt/biblioteca_digital/TER-PV-SANTACR...

Igreja com cruz no topo

Descrição gerada automaticamente com confiança média

 

domingo, 29 de maio de 2022

AFONSO GONÇALVES BALDAIA, o antepassado de famílias josefenses Por Nelson Murilo Pessôa

É notório que a Cidade de São José foi colonizada em grande parte por famílias procedentes do Arquipélago de Açores que aqui chegaram em meados do século XVIII.

Localizadas no Atlântico Norte, as Ilhas foram colonizadas pelos portugueses a partir da primeira metade do século XV. Hoje ainda fazem parte de Portugal, mas com autonomia administrativa.

Muitas destas famílias procediam da Ilha denominada Terceira, uma das nove que compõe o Arquipélago e dentre as pessoas que colonizaram a Ilha Terceira, destacou-se Afonso Gonçalves Baldaia ou Afonso Gonçalves de Antona Baldaia, antepassado de famílias josefenses. 

Fidalgo, cavaleiro, navegador, funcionário da coroa portuguesa e colonizador, Baldaia foi também um dos primeiros a participar do projeto de navegação e expansão do império português iniciado no século XV.



Figura de Baldaia no Padrão dos Descobrimentos em Lisboa/Portugal
https://padraodosdescobrimentos.pt/conjunto-escultorico/#afonso-goncalves-baldaia-est

       Quem está representado no Padrão dos Descobrimentos? | VortexMag
Padrão dos Descobrimentos - Lisboa, Portugal


Vamos contar um pouco dessa história mas iniciando com fatos anteriores aos feitos de Baldaia e colonização dos Açores, para que se tenha noção de como as coisas tomaram rumo e resultaram na ocupação do Arquipélago pelos portugueses e que influenciaram também a colonização do Brasil e até a formação da nossa São José.

Longe de querer ensinar história, escrevemos para levar um pouquinho do que aprendemos e para despertar interesse sobre a origem da Cidade e seus antepassados.

Para quem já conhece, serve para relembrar, para troca de informações e para até para correção, caso venhamos apresentar algo que não esteja certo.



Batalha de Aljubarrota e a consolidação da independência portuguesa.

Para podermos entender o que foram as conquistas, os descobrimentos e as colonizações portuguesas dos séculos XV e seguintes (incluindo Açores e o Brasil), é preciso voltar no tempo.

Portugal conquistou sua independência no século XII e nos anos seguintes buscou a consolidação e expansão de seus domínios na Península Ibérica. Expulsou os mouros e conquistou novos territórios, como a região do Algarve. Iniciou-se, então, um período de prosperidade e fortalecimento da identidade da Nação.

Ocorre que em 1383 morre o Rei Fernando de Portugal sem deixar herdeiro do sexo masculino. Sua filha Beatriz seria a sucessora legal, porém a mesma era casada com o Rei Juan I de Castela. 

Parte dos portugueses perceberam que nesta situação o país poderia perder a independência, uma vez que o marido da herdeira, Dom Juan I de Castela, provavelmente se valeria da situação para reivindicar o trono português, mesmo que no contrato de casamento houvesse um item impedindo esta situação. Referida cláusula estabelecia que Dona Leonor, viúva do Rei, permaneceria regente até que Beatriz tivesse um filho varão e este estivesse em idade de assumir o trono.

Parte da população rejeitou submeter-se à regência de Leonor (viúva do Rei). O país ficou então dividido entre aqueles que apoiavam a regente e sua filha e os que apoiavam um dos irmãos do falecido Rei Fernando.

Um dos irmãos de Fernando era João que estava em Castela e havia sido encarcerado providencialmente por Juan I impedindo-o de tomar qualquer medida para reivindicar seus direitos. O outro também chamava-se João, o Mestre da Ordem Militar de Avis. Este, entendendo ter também direito ao trono, matou o Conde Andeiro (um nobre conselheiro e possivelmente amante da Regente), passando a ter o apoio de muitos portugueses, inclusive de Cidades como Lisboa, que lhe concedeu o título de Regedor e Defensor do Reino.

Para salvaguardar os direitos de sucessão de sua esposa, e com pretensões de anexar o reino português, o Rei Juan I promove alguns confrontos contra Portugal (inclusive um longo cerco à Lisboa) mas por diversos fatores não logrou êxito.

Em 14 de Agosto de 1385, após Castela invadir novamente Portugal com enorme exército, ocorre aquele que seria um dos embates mais incríveis da idade média. Denominada inicialmente Batalha da Realeza, pelo fato de ambos os monarcas estarem em campo, é mais conhecida como Batalha de Aljubarrota em razão do campo de combate ficar perto da Vila com esta denominação).

Os castelhanos em número muito maior (em torno de 30.000 combatentes), reforçados por 2.000 cavaleiros franceses, atacaram o exército português que tinha cerca de 8.000 homens e auxílio de 300 arqueiros ingleses. Mesmo em menor número os portugueses aproveitando sua posição no campo de combate, as particularidades do terreno e à estratégia de seu Comandante (Nuno Álvares Pereira), aniquilaram a cavalaria francesa e posteriormente derrotaram o exército de Juan I pondo-o em fuga. A derrota foi tão devastadora e humilhante que Castela permaneceu de luto por dois anos, até o Natal de 1387.

Depois deste episódio, Portugal confirmou sua independência, Dom João foi reconhecido como Rei e o País pode dar prosseguimento aos seus futuros projetos, iniciando uma nova era que lançaria a Nação em sua mais gloriosa aventura: Conquista dos mares, descobrimento de novas terras e transformando-se na maior potência da Terra nos séculos seguintes. 


Afonso Gonçalves Baldaia – Wikipédia, a enciclopédia livre
Brasão de Afonso Gonçalves Baldaia

                                                          



 A Conquista de Ceuta.

Após a Batalha de Aljubarrota, Portugal buscou consolidar sua posição estabelecendo laços com outras nações, já que suas diferenças com Castela persistiam. O reconhecimento da independência só ocorreu em 1411 com a assinatura de um tratado de paz.

Um desses acordos foi o casamento do Rei Dom João I com Dona Filipa de Lencastre (ou Lancaster, na Inglaterra). Da união nasceram os filhos designados por Camões como “geração ínclita.” Um deles era o infante Dom Henrique que posteriormente tornou-se figura importantíssima no projeto expansionista português.

Encorajado pela mulher pelos filhos e por outros membros proeminentes da corte, Dom João I dá início a uma aventura sem precedentes na história do País, começando a planejar a conquista de um território fora do continente europeu.

Em 1415, após longo planejamento, Portugal invade e conquista Ceuta, um importante centro comercial no Norte da África dominado pelos muçulmanos. Há divergência sobre os motivos que levaram o País a esta ação, mas se foi por motivos comerciais, religiosos, para defesa da navegação, demonstração de força, busca de prestígio ou mesmo início de um projeto de expansão, o fato é que deu resultado. 

Com uma das maiores frotas até então montadas, Portugal lançou-se ao mar, atacou e conquistou a Cidade que não ofereceu muita resistência pois não era uma fortaleza militar. A mesquita local foi “purificada” e o Rei armou cavaleiros seus filhos Duarte, Pedro e Henrique. A Cidade foi confiada a um contingente de 2.500 homens e a Armada retornou à Portugal.  

Esta conquista foi muito importante do ponto de vista religioso, político e até como demonstração de força, mas comercial e financeiramente não foi grande coisa. Os muçulmanos logo dirigiram as rotas comerciais para outras praças. A Cidade sempre necessitou de outros portos e cidades para abastecimento, continuando a ser assediada pelos mouros que nunca aceitaram sua perda.

Porém, Ceuta era apenas o início. Portugal estabeleceu uma cabeça de ponte no continente africano, a vitória deu moral e impulsionou o País a um projeto de expansão muito maior, que tinha no mar a sua principal via de conquista. 

 

Maria José Carvalho de Souza, uma das descendentes de Baldaia 

                                           

      

 Baldaia IV – O Infante Dom Henrique

Dom Henrique foi um príncipe português muito inteligente, culto, corajoso, empreendedor e aventureiro, que possuía uma infinidade de predicados incomuns às pessoas da Europa do século XV.

Filho de João I e Felipa de Lencastre, não era herdeiro do trono português, mas isto não o impediu de tornar-se um dos personagens mais influentes do País e protagonista de uma das mais importantes fases da história da humanidade.

Foi um dos incentivadores da missão que conquistou Ceuta. Após a vitória, junto de seus irmãos Duarte e Pedro, foi armado cavaleiro e lhe coube a administração da Cidade conquistada. Posteriormente foi nomeado mestre da Ordem de Cristo, instituição que sucedeu os Templários em território português.

Sabia das dificuldades de seu País e que a sobrevivência do mesmo, num continente com recursos limitados e bastante explorados, dependia da ampliação dos horizontes.  Então percebeu que o mar era a solução.

Montou seu quartel general no Algarve, sul de Portugal. Para lá levou cosmógrafos, construtores de barcos, capitães, pilotos, marinheiros e outros profissionais que ajudaram Portugal a realizar avanços tecnológicos na área da navegação. O local tornou-se um celeiro de grandes navegadores que, desafiando as lendas e os mistérios, alargaram as fronteiras e deram início a uma nova era da história.

Assim, nasceram as grandes navegações.

 

Afonso Gonçalves Baldaia
Placa comemorativa aos navegadores em 1973



Baldaia V – O desafio do Cabo Bojador.

No início das Grandes Navegações, vários eram os desafios a serem enfrentados pelos pioneiros. Além do temor pelo desconhecido e as superstições, existiam ainda obstáculos físicos. Um deles era o Cabo Bojador.

Esse acidente geográfico localizado no atual Saara Ocidental, era envolto em lendas e mitos por conta das várias embarcações portuguesas que ali haviam desaparecido. Acreditava-se que o Bojador era o fim do mundo. Estava constantemente envolto por nevoeiro e rodeado de recifes, o que dificultava sua travessia e consequentemente as viagens para o sul do Continente Africano.

O Infante Dom Henrique, no entanto, não acreditava que ali acabava o mundo. Por conta disso, incumbiu Gil Eanes, um navegador vinculado a sua casa, para realizar a tarefa. Assim, em 1433, Eanes comandando uma Barca, partiu, chegou às Canárias mas não atingiu o Bojador.

Já em 1434, encorajado pelo Príncipe, o valente navegador empreende nova jornada e dessa vez, superando medos e outras dificuldades, consegue dobrar o misterioso Cabo e navegar algumas milhas além, comprovando que o mundo não terminava ali.

No ano seguinte, Gil Eanes empreende outra viagem e dessa vez acompanhado por uma embarcação capitaneada por Afonso Gonçalves Baldaia.

 

Baldaia VI – Afonso Gonçalves Baldaia: O Copeiro do Príncipe e navegador.

Afonso Gonçalves Baldaia ou Afonso Gonçalves de Antona Baldaia nasceu aproximadamente em 1415 da era comum. Vinha de uma família importante originária da Cidade do Porto, cujos integrantes serviram a corte portuguesa em postos importantes.


Afonso, por volta de 1434 era ligado à casa de D. Henrique onde exercia a função de copeiro. Esse cargo era de extrema confiança e dentre outras funções cabia-lhe provar as bebidas antes do príncipe e fazer sua segurança pessoal. Essa função era outorgada a um homem de caráter, de alta confiança e influência junto ao membro da casa real.


Ao retornar da viagem onde conseguiu dobrar o Cabo Bojador, o Navegador Gil Eanes deu conta ao Infante D. Henrique que se podia prosseguir para o sul. Com essas informações o príncipe mandou preparar mais uma embarcação, um barinel (barco à vela que também podia ser equipado com remos) e nele enviou seu Copeiro. O objetivo era atingir novas terras e encontrar pessoas para fazer contato.


Assim, em 1434, Gil Eanes em uma embarcação e Baldaia em outra, empreenderam nova jornada onde passaram além do Cabo, prosseguiram para o sul umas cinquenta léguas (aproximadamente uns trezentos quilômetros). Encontraram casas, rastros de homens e camelos, mas não conseguiram qualquer contato. Nesta viagem cruzaram o Trópico de Câncer, sendo a primeira vez que isso foi registrado entre os europeus, desde os fenícios em 813 a.C.

Embora a expedição tenha sido importante do ponto de vista da navegação ao longo da costa ocidental da África, parece que o resultado não agradou muito ao príncipe que em 1435 ou 1436 enviou novamente Baldaia na mesma embarcação com ordens explícitas de navegar até onde fosse possível, procurar e encontrar gente e mercadorias. Além da tripulação foram embarcados dois cavalos. Assim partiram.


Acredita-se que essa segunda viagem de Baldaia tenha atingido uma localidade denominada Rio do Ouro e Pedra da Galé (acidente geográfico assim denominado por causa de uma pedra semelhante a uma galé). Conforme narrativa de Gomes Eanes Zurara em Crônica dos Feitos da Guiné, os cavalos foram usados por dois homens (Heitor Homem e Diogo Lopes de Almeida) que entraram por terra, avistaram cerca de dezenove homens mas não capturaram nenhum deles. Baldaia então retornou sem saber se aqueles eram mouros, gentios ou que tipo de vida levavam.


O destaque para a participação de Afonso Gonçalves Baldaia nessas viagens é o fato de que o mesmo não vinha do meio naval. Ao contrário de Gil Eanes, nada existe que possa comprovar que Baldaia fosse dessa área. Em princípio, foi a primeira vez que uma expedição foi delegada pelo armador (no caso D. Henrique), a um homem de confiança, seu copeiro. Aparentemente esta era a única função de Baldaia na época. A partir de então essa prática parece que tornou-se praxe, ou seja, o armador incumbia um homem de confiança para comandar a missão e para a navegação escolhia um piloto de ofício.


A partir daí não existem mais notícias que liguem Afonso Gonçalves Baldaia à navegação mas seu trabalho foi tão importante que os portugueses o imortalizaram no monumento Padrão dos Descobrimentos em Lisboa, junto a figuras como o Infante D. Henrique, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama e outros grandes navegadores.


Baldaia foi ainda nomeado por D. Duarte, o Rei de Portugal, para a função de almoxarife das “sizas e direitos reais” na Cidade do Porto, sem prejuízo de ser da casa do irmão (D. Henrique). Exerceu esse cargo, pelo menos, até 13 de Outubro de 1442, conforme registro de sua presença em uma sessão da Câmara do Porto.


 Baldaia VII – Afonso Gonçalves de Antona Baldaia: O colonizador.


A Terceira é uma das nove ilhas que formam o Arquipélago dos Açores, localizado no Atlântico Norte. Tem uma área total de 400,3 Km2, quase o tamanho da nossa Ilha de Santa Catarina que possui 424 Km2. Sua descoberta (ou reconhecimento) é atribuída aos trabalhos empreendidos pelo Príncipe D. Henrique e remontam à primeira metade do século XV de nossa era.


É assim chamada por fazer parte das Ilhas Terceiras, antiga denominação dos Açores, pelo fato de ser o terceiro grupo de ilhas descobertos no Atlântico depois das Canárias e da Madeira. Chegou a ser denominada Ilha de Nosso Senhor Jesus Cristo das Terceiras, mas com o passar dos anos passou a ser conhecida como Ilha Terceira.


A colonização da Ilha também ficou a cargo de D. Henrique que em 21 de Março de 1450 a doou ao flamengo Jácome de Bruges por carta datada de 21 de Março de 1450: "Eu, o Infante D. Henrique (...) faço saber que Jácome de Bruges, natural da Flandres, me disse que (...) estando a ilha Terceira, nos Açores, erma e inabitada, me pedia que lhe desse autorização para a povoar, como senhor das ilhas. E eu, (...) querendo lhe fazer graça e mercê, me apraz conceder-lha. E tenho por bem que ele a povoe da gente que lhe aprouver, desde que seja de fé católica."[4]Bruges levou sua gente, muitas famílias portuguesas e animais. Jácome de Bruges desapareceu em circunstâncias misteriosas e foi sucedido por Álvaro Martins Homem outro explorador português do século XV, que exerceu o cargo de capitão donatário da Ilha Terceira.


Baldaia seguiu para a Terceira com Álvaro Martins Homem, de quem era auxiliar e substituto em caso de ausência. Foi um dos primeiros colonizadores da citada Ilha onde chegou já viúvo de sua primeira esposa D. Antônia Gonçalves. Recebeu terras e fixou residência em Angra do Heroísmo, mudando posteriormente para a Praia da Vitória. Casou-se uma segunda vez na Ilha com Inês Rodrigues Fagundes. Teve numerosa prole de ambos os casamentos.


Na referida Ilha recebeu em doação muitas propriedades. Construiu uma casa na localidade de Angra do Heroísmo que cedeu posteriormente os frades franciscanos para edificação de seu convento. Na Vila da Praia, onde fixou residência posteriormente, também cedeu propriedades aos franciscanos. Era tão devotado a essa Ordem, que recebeu o apelido de “Velho de São Francisco”.


Faleceu em 1481 na Vila da Praia e seu corpo foi sepultado em Angra do Heroísmo conforme suas determinações, no convento dos franciscanos. Seu sucessor foi Pedro Afonso Baldaia, seu filho.

 

Baldaia VIII – Descendentes e imigrantes que chegaram a São José.

Ignês Gonçalves Fagundes, uma das filhas de Baldaia gerou descendentes que por várias gerações ajudaram a povoar a Ilha Terceira e que por lá se mantiveram por gerações.


No século XVII, porém, a situação nas Ilhas já não era confortável. O aumento da população, a escassez de terras, de recursos, o precário desenvolvimento além dos abalos sísmicos constantes, eram alguns dos problemas que afetavam a sobrevivência dos habitantes.


No sul do Brasil, no entanto, o problema era outro. Havia abundância de terras, mas faltava gente para povoamento, defesa e desenvolvimento. Assim, para resolver ambos os problemas o governo português resolveu estimular a imigração.


Prometeram aos ilhéus ajuda para sua instalação, como o fornecimento de ferramentas, armas, dinheiro, alimentos e terras, dentre outros benefícios. Várias famílias então se deslocaram dos Açores para povoar o Sul do Brasil, muitas delas para a Ilha de Santa Catarina e região. Esses grupos de imigrantes começaram a chegar por volta da metade do século XVIII. Cabe ressaltar que boa parte das promessas de governo não foram cumpridas (como sempre), tendo os pobres imigrantes que se virarem sozinhos após a chegada.Boa parte desse povo espalhou-se pelo litoral catarinense. 


Francisco Martins Galego descendente de Ignês Gonçalves Fagundes e consequentemente de Afonso Gonçalves Baldaia era um desses imigrantes. Foram várias gerações da família vivendo naquela Ilha até que Francisco resolveu aceitar o desafio e mudou-se para cá com a família. Entre os integrantes dessa jornada estava seu filho, Manoel Luís Pinheiro, nascido no dia 25/05/1747 em Agualva, Praia da Vitória, Ilha Terceira.


Manoel Luis Pinheiro chegou ainda criança e posteriormente fixou-se na Ilha de Santa Catarina. Gerou vários descendentes que multiplicaram-se e ajudaram a povoar a região. Verificando documentos da Igreja constata-se que a geração seguinte já estava se espalhando por outras localidades como comprovam registros de batismo, casamento e óbito das diversas paróquias, inclusive São José.


Eu descendo de um de seus filhos, João Antônio da Silva Pinheiro. Desse ramo, após algumas gerações, nasceu Maria Matilde da Silva, minha mãe. Outro dos filhos de Manoel, chamado Alexandre José de Campos, deu origem à família de onde descende, em parte, minha companheira Maria José Carvalho de Souza.


Considerando que Francisco Martins Galego gerou outros filhos e estes também tiveram prole numerosa, é certo que há muitos outros descendentes de Afonso Gonçalves Baldaia e que seguem vivendo por aqui.


Essa é só uma das muitas histórias dos imigrantes açorianos que chegaram a São José e região. Uma saga que, como relatamos, tem início muito antes da colonização de nosso Município. Outras histórias como estas devem existir e vale muito a pena sua pesquisa e divulgação, lembrando dessa forma os antepassados que proporcionaram nossa existência..


Como comentei inicialmente, esses textos não tem a pretensão de ensinar nem de tornar-se uma verdade absoluta em relação aos lugares e vida das pessoas citadas. São o resultado de minha curiosidade sobre a genealogia de minha família e história de São José. Não é o resultado de uma pesquisa muito aprofundada e com critérios científicos. Consequentemente, pode conter enganos, mas nada é resultado de invenção, havendo farto material de pesquisa que dão suporte.

Referência: 



SEGUIER, Jaime.  Dicionário Prático Ilustrado. Lisboa,  Editores Lello & Irmãos: 1956.

https://www.fundacao-aljubarrota.pt/storage/pages/5/A_Batalha_de_Aljubarrota.pdf;

https://www.todamateria.com.br/escola-de-sagres/;

https://www.revistamilitar.pt/artigo/1029;

https://ensina.rtp.pt/artigo/o-infante-d-henrique-e-o-mito-da-escola-de-sagres/;

https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/imperio-portugues---periodo-henriquino-a-conquista-de-ceuta-e-a-escola-de-sagres.htm;

http://biografias.netsaber.com.br/biografia-2284/biografia-de-infante-dom-henrique--o-navegador;

 http://cvc.instituto-camoes.pt/navegaport/g47.html;

PERES, Damião, História dos Descobrimentos Portugueses, 4ª ed., Porto, Vertente, 1992.

https://pt.rodovid.org/wk/Pessoa:676615;

https://pt.scribd.com/document/525670942/Genealogias-Da-Ilha-Terceira-V-01-Tit-Antona-Cap-1-a-5

https://medalhasportuguesas.wordpress.com/2015/10/09/1123/


 

Francisco Vieira da Rosa - Família Vieira da Rosa

  FRANCISCO VIEIRA DA ROSA   nasceu em São José, Santa Catarina, a 31 de dezembro de 1855 (batizado na matriz de São José a 4 de fevereiro d...